quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Verao e Praia

Verão e praia.

Verão também é sinônimo de pouca roupa e muito chifre, pouca cintura e muita
gordura, pouco trabalho e muita micose.

Verão é picolé de Kisuco no palito reciclado, é milho cozido na água da
torneira, é coco verde aberto pra comer a gosminha branca.

Verão é prisão de ventre de uma semana e pé inchado que não entra no tênis.

Mas o principal ponto do verão é....a praia!

Ah, como é bela a praia.
Os cachorros fazem cocô e as crianças pegam pra fazer coleção.
Os casais jogam frescobol e acertam a bolinha na cabeça das véias.
Os jovens de jet ski atropelam os surfistas, que por sua vez, miram a
prancha pra abrir a cabeça dos banhistas.

O melhor programa pra quem vai à praia é chegar bem cedo, antes do
sorveteiro, quando o sol ainda está fraco e as famílias estão chegando.

Muito bonito ver aquelas pessoas carregando vinte cadeiras, três
geladeiras de isopor, cinco guarda-sóis, raquete, frango, farofa,
toalha, bola, balde, chapéu e prancha, creditando que estão de férias.

Em menos de cinqüenta minutos, todos já estão instalados, besuntados e
prontos pra enterrar a avó na areia.

E as crianças?
Ah, que gracinhas!

Os bebês chorando de desidratação, as crianças pequenas se socando por uma
conchinha do mar, os adolescentes ouvindo walkman enquanto dormem.

As mulheres também têm muita diversão na praia, como buscar o filho afogado
e caminhar vinte quilômetros pra encontrar o outro pé do chinelo.

Já os homens ficam com as tarefas mais chatas, como perfurar o poço pra
fincar o cabo do guarda-sol.
É mais fácil achar petróleo do que conseguir fazer o guarda-sol ficar em pé.

Mas tudo isso não conta, diante da alegria, da felicidade, da maravilha que é
entrar no mar!

Aquela água tão cristalina, que dá pra ver os cardumes de latinha de
cerveja no fundo.
Aquela sensação de boiar na salmoura como um pepino em conserva.

Depois de um belo banho de mar, com o rego cheio de sal e a periquita cheia de
areia, vem àquela vontade de fritar na chapa.

A gente abre a esteira velha, com o cheiro de velório de bode, bota ochapéu, os
óculos escuros e puxa um ronco bacaninha.
Isso é paz, isso é amor, isso é o absurdo do calor!!!!!

Mas, claro, tudo tem seu lado bom. E à noite o sol vai embora.

Todo mundo volta pra casa tostado e vermelho como mortadela, toma
banho e deixa o sabonete cheio de areia pro próximo.

O Shampoo acaba e a gente acaba lavando a cabeça com qualquer coisa, desde
creme de barbear até desinfetante de privada.

As toalhas, com aquele cheirinho de mofo que só a casa da praia oferece.

Aí, uma bela macarronada pra entupir o bucho e uma dormidinha na
rede pra adquirir um bom torcicolo e ralar as costas queimadas.

O dia termina com uma boa rodada de tranca e uma briga em família.

Todo mundo vai dormir bêbado e emburrado, babando na fronha e torcendo, pra que
na manhã seguinte, faça aquele sol e todo mundo possa se encontrar no mesmo
inferno tropical...

Qualquer semelhança com a vida real, é uma mera coincidência.

Luís Fernando Veríssimo
............

........................

Um comentário:

Eduardo V. disse...

O texto é da Rosana Hermann - blog Querido Leitor.

"The summer is tragic"
http://www.autordesconhecido.blogger.com.br/2005_10_01_archive.html