Retirante
Antonio Manoel Abreu Sardenberg
Sou retirante da seca
Do meu sertão nordestino.
Vou em busca de um destino,
Tenho um futuro sombrio,
Passo fome , sinto sede,
Minha cama é uma rede:
Sou companheiro do frio.
Vou em busca do futuro,
Do meu pão de cada dia,
Levo comigo a incerteza
Numa alma tão vazia.
No coração só tristeza,
Tão carente de alegria!
Só a fome me acompanha
Andando com os meus passos,
Sinto-me preso num laço,
Sem documento, sem lenço,
Sem lugar e sem compasso
Nesse Brasil tão gigante
Onde só o importante
Tem fartura em sua mesa,
E o poder tão distante
Da miséria e da pobreza!
quinta-feira, 18 de outubro de 2007
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